Grupos de miúdos e miúdas, “lugar” abaixo, “lugar” acima,
carregando as suas sacolas, sacos de pão e outros, poucos, feitos pelas mães de
propósito para aquele dia, batendo às portas e pedindo:
— PÃO-POR-DEUS!
A porta se abria e lá vinham, conforme as posses, as mais
variadas guloseimas como, rebuçados, caramelos, fruta, bolachas, biscoitos,
figos secos, nozes, amêndoas, amendoins e, às vezes, chocolates.
Hoje, também me cruzei com espigadotes rapazes e raparigas,
batendo às portas e outros mais pequenos com as mães e os pais por perto, mas,
para muitos dos meninos e meninas da Abrunheira de há cinquenta e muitos de
tempo contado em anos, o dia do “Pão-por-Deus”, era o único em que provavam
algumas daquelas coisas e, noutros casos, o dia em que a fome não os visitava.
Agora, as “catedrais” do consumo, construídas e oferecidas
às classes médias, para, que, aí gastem o que ganharam em dias inteiros e
acrescentados de “bancos-de-horas” infinitos, oferecendo aos seus meninos e
meninas, usos e costumes importados que vão substituindo as nossas recordações
e engordando os “fundos” dos que não têm rosto e, muito menos, morada certa.
Nestes últimos dias, fomos bombardeados com máscaras e
mascarilhas, bruxas e bruxinhas, abóboras furadas e iluminadas, varões e
varinhas que transformam o real em fantasia, mas, o que continua sendo muito
verdade, são a míngua das contas bancárias e o saldo do cartão de crédito.
Silvestre Brandão Félix
1 novembro de 2017
Foto: Google
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