Durante boa parte da minha vida, nunca me pareceu, que alguém
tivesse dúvidas da serventia daquela parte saliente em argola, como se orelha
fosse, das chávenas, canecas ou xícaras, como ainda se diz no Brasil.
Há, algum tempo, comecei a reparar, que algumas das
personagens que nos entram todos os dias pela casa dentro — sim, porque eu
também vejo telenovelas — pegam nas chávenas pelo lado contrário da asa; ou
seja, ignoram de propósito a “orelha” da dita e bebem assim.
As teorias são muitas, como, aliás, costuma acontecer em
relação a tudo o que não tem explicação.
Já ouvi dizer — à laia de desculpa pela distração — de
outro(a)s que não aparecem pela TV, que é para não pôr os lábios do mesmo lado
da generalidade das pessoas que, naturalmente, pegam pela asa. Até podia ir
nessa, mas a cena é que já tenho visto esses mesmos, pegarem na chávena e
levarem aos lábios com a mão esquerda. Ou seja; o efeito (dito) pretendido, é
anulado pela base.
Mas então, porque será? É moda? Fica bem? Para ser diferente?
Ou, simplesmente, porque o, ou a, (atenção ao género) elemento está meio a
dormir? Ou então, numa dedução mais lógica, se acontecesse só nas telenovelas;
o recipiente pegado, nem líquido tem dentro, porque se tivesse e quente, da
boca lhe saia palavrão na certa!
Quantas vezes, no nosso dia-a-dia, nos deparamos com o que
“parece”, e, não é? Se repararmos bem, muitas!
É como a carreira 446!
O que é que a carreira 446 tem a ver com a serventia da
“orelha” da chávena? Estarão vocês a perguntar.
Tem a ver, sim! Também é uma coisa que parece, e, não é!
Parece uma carreira, ou transporte público, para servir
(embora paga) a população, mas não é! Pelo menos, entre a Abrunheira e Chão de
Meninos, não serve para nada.
Para os abrunheneses, que serventia tem uma carreira que num
pulinho está em Chão de Meninos e não vai mais para baixo. Em dois ou três
minutos estava na Estefânia e muita gente se podia servir dela.
Realmente, diminuíram o tamanho da camioneta, agora é quase
sempre mini. Pudera, ninguém a usa!
Ponham lá a 446 até à Estefânia, dando a volta na
rotunda/fonte ou Estação de Sintra, de qualquer maneira, é preciso é que não
fique a meio caminho, em Chão de Meninos. Ah, e já agora, reponham o trajeto
Abrunheira/Ranholas/Chão de Meninos/Sintra e a preços razoáveis, da que vem de
Oeiras 467 e que — com certeza que não foi para servir a “povinho” — há uns
tempos a desviaram para Mem Martins/Ouressa/Portela.
Conclusão: No que diz respeito a transportes públicos, a
Abrunheira tem várias soluções para Mem Martins e Rio de Mouro, mas para
Sintra, sede do concelho e com todos os serviços de que os abrunhenses
necessitam, incluindo Centro de Saúde, não tem uma única ligação direta dos
seus 6/7 kms e 10/12 minutos e, as alternativas até à Estação da Portela via
Ouressa, estão a mais do dobro em distância, e, em tempo, com trânsito normal,
30/40 minutos, quando faz circular, a tal (446) que parece e não é, até Chão de
Meninos e que não serve a ninguém.
Silvestre Brandão Félix
18 setembro de 2018
Fotos: Google
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