Impressionado ficava com aquelas grandes luvas
vermelhas que, o homem de macacão azul, nas mãos enfiava depois de as ter
retirado dum compartimento debaixo da cabine do enorme camião-cisterna da “Sacor”.
Depois puxava uma mangueira negra que na ponta
tinha uma espécie de torneira que se ia desenrolando dando comprimento para o
homem das luvas e de macacão, se encaminhar para o interior da mercearia do Álvaro
e da Ti Lourdes.
Com o tempo fui percebendo que, do mistério,
resultava o abastecimento de petróleo que, depois, íamos lá comprar para pôr
nos candeeiros e no fogareiro, evidentemente dito; “fogareiro a petróleo”.
A Ti Augusta tinha um garrafão mais pequeno que
servia para isso e, com o tempo que contávamos em anos, comecei, entre outras
coisas, a trazer o petróleo do Ti Álvaro. Não sei qual era a quantidade do
precioso líquido, mas, muitas outras coisas, eram às “quartas” (0,250 Lt ou
0,250 Kg); uma quarta de manteiga, uma quarta de banha, uma quarta de café
(cevada), etc., etc.
O Camião do petróleo era branco e verde com “SACOR” escrito a grandes letras
vermelhas ao longo da cisterna.
Os putos abrunheirenses como eu; o Rui, o Zé Augusto, o Zé Fernando, o Zé
Eduardo, o Meno Caravaca, o Fernando Pedroso, o Mário, o Julinho, o Vitor do
Eletricista, e outros que a memória levou, sabiam destas coisas e pelo Largo do Chafariz todos passavam.
Não sei se o camião da sacor os impressionava
como acontecia comigo, mas que também não lhes era indiferente, isso, eu sei,
porque muitas vezes acompanhado estava, na inspeção que lhe fazíamos.
Tem dias, que nos lembramos de coisas que só
aparecem porque nos chegam encavalitados nos sonhos.
Silvestre
Brandão Félix
13 março de
2018
Foto:
Camião-cisterna da “SACOR” (google)
Sem comentários:
Enviar um comentário