Adorado que sempre foste! Junho dos
arraiais e das fogueiras; das sardinhas, das febras, dos chouriços assados, das
alcachofras estorricadas ou renascidas, dos namoricos e bailaricos rodopiados
na ponta do andante em novo sapato nascido no rol da “Bramonte” ou bota cardada
com protetor de última geração.
Salta e salta e volta a saltar a labareda
ardente acima do Largo do Chafariz. Os trancos com força acartados das bandas
da Colónia e Beloura e os carrascos que, da abundância não se negam, dão altura
ao salto para bonito fazer às raparigas.
Adorado sempre foste! Junho dos
feriados e dos dias grandes e quentes; do Santo António na Abrunheira ao São
Pedro em São Pedro do de Penaferrim.
Sem fogueira ainda acesa e, como por
milagre de Santo António e mais depressa que um estalar de dedos, já o Ti
Rafael (“Coxo” na terceira pessoa) enchia tintos e, como sempre novidades
trazia, abria cervejas para os mais endinheirados. O plano de “marketing” e
vendas do Ti Rafael traduzia-se num apelo à “bebedeira” usando o poder dos
pulmões de um – não fumador! Em todas as ocasiões levava a dele avante e, uma
hora depois, nas vozes arrastadas e nos tropeções no alcatroado mal-amanhado,
já se podia ver o resultado.
Adorado sempre foste! Junho dos
amores e desamores e das alcachofras na fogueira postas!
O acarinhado Santo António na
Abrunheira, for força, vontade e mérito dos seus voluntários amigos, sonhou
levantar o templo, a si dedicado, com o fervor e Fé ilimitados.
A Igreja de Santo António da Abrunheira,
neste tempo contado em anos, mais de cinquenta lá vão, desde a narrativa
protagonizada pelo Ti Rafael, deixou de ser sonho e passou a real.
Por este
fim-de-semana (12, 13 e 14 de junho de 2015), a “Comissão Pró-Construção da Igreja
da Abrunheira”, mais uma vez, promoveu os habituais “Festejos de Santo
António” com a particularidade de, este ano, já existir a Capela de Santo António e ter recebido a imagem de Nª Srª do Cabo
de visita à Paróquia de São Pedro de Penaferrim que, assim, fez merecida
companhia a Santo António.
Desde
sexta-feira à noite que, por toda a Abrunheira, se têm movimentado, nas
procissões e nos recintos, centenas de pessoas a este propósito. Muito obrigado
a todos os voluntários.
Um
agradecimento do tamanho do mundo à Comissão Pró-Construção da Igreja da
Abrunheira, e muita força para a difícil tarefa que ainda está pela
frente.
Abrunheira,
13 de junho de 2015
Silvestre
Félix
(Fotos: Manuela Nascimento)