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sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

AQUELA SOPA DE FEIJÃO E OUTRAS COISAS BOAS

 

Continuando pelas minhas “lembranças de janeiro”, venho dar conta de que aquela sopa de feijão era única e, do pouco que recordo da minha Avó Gertrudes — exatamente, a que fazia aquelas batatas cozidas com bacalhau que o “Sapateiro-de-Manique” comia e chorava por mais ( https://largodochafarizaosol.blogspot.com/2011/03/por-esses-caminhos-acima.html ) — ficou-me aquele sabor que nunca mais voltei a encontrar nas minhas andanças gastronómicas.

Até que, há dias, comendo a sopa por mim feita
, as “papilas” da esquerda alta, comunicaram às “brumas” da minha cansada memória, que tinham descoberto aquele gosto que eu tanto adorava, lá pelos meus 4/5 anos de idade, quando visitava os meus avós paternos.

“lembraduras” que contornam os caminhos naturais dos neurónios guarnecidos pela encefálica massa, depois de se fazerem disparar dos ficheiros arrumadinhos, para a luz dos nossos dias. É muito difícil acreditar que, “por dá cá aquela palha”, me lembre do gosto da sopa da minha avó Gertrudes.

Não há explicação simples, mas é a verdade! Com certeza, um bom (ou boa) especialista na matéria — memória gustativa — saberá e, duma maneira muito técnica, transmitirá sapientemente a sua teoria.

A minha Mãe, quando queria convencer-me a comer a sopa, tentava apelar à fama da sopa da avó Gertrudes, mas nunca tinha êxito porque, na realidade, não tinha nada a ver e agora, sem querer, vem-me à memória — não uma frase batida — aquela sopa tão especial.

Pensarão alguns, que por curiosidade estão a ler o texto: Mas que interesse tem, para a sociedade, o sabor da sopa da avó deste gajo?

Não posso deixar de lhes dar alguma razão. Só que, numa época em que a vertente pessimista, negativa, maldosa e… por aí fora, é valorizada acima de tudo o resto, é reconfortante lembrar-me de coisas boas. Tanto quanto sei, a minha avó Gertrudes era uma boa pessoa e a sua sopa de feijão, espetacular.

Por isso, meus queridos amigos e amigas, como forma de compensar as desgraças que nos estão a cair em cima e a forma como constantemente nos lembram delas (das desgraças), evitem beber “veneno” ao pequeno-almoço, procurem as coisas boas, o lado positivo dos outros e tenham esperança no futuro.

Para que, “tudo-corra-bem”, devemos ficar em casa e, porque não, confecionar uma ótima sopa de feijão.

Silvestre Brandão Félix

22 de janeiro de 2021

Foto: Sopa de feijão (google)